Devemos manter a verdade de Cristo ou manter a paz?

Devemos manter a verdade de Cristo ou manter a paz?

DEVEMOS MANTER A VERDADE DE CRISTO OU MANTER A PAZ? -

 

Acredito que nenhum homem tinha noção maior do valor de paz e unidade quanto o apóstolo Paulo. Foi ele o apóstolo que escreveu aos coríntios sobre o amor. Ele foi o apóstolo que disse “Tenham uma mesma atitude uns para com os outros; vivam em paz uns com os outros; ao servo do Senhor não convém brigar; há um só corpo e um só espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo". Ele foi o Apóstolo que disse, “fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” (Rm 12:16, I Ts 5:13, Fm 3:16, Ef 4:5, I Co 9:22). Ainda assim, veja como ele age! Ele se opôs a Pedro face-a-face. Ele o repreendeu publicamente e correu o risco de todas as consequências disso. Acima de tudo, Paulo documentou o incidente, para que nunca fosse esquecido e onde quer que o evangelho fosse pregado, essa repreensão pública devido ao erro de um apóstolo fosse de conhecimento de todos.

 

Por que Paulo fez isso? Porque ele tinha pavor de falsas doutrinas, ele sabia que um pequeno erro poderia corromper todo o grupo e queria nos ensinar que devemos lutar fervorosamente pela verdade e temer mais sua perda do que a perda da paz.

 

Devemos nos lembrar do exemplo de Paulo nos dias de hoje. Muitos pastores suportam tudo na igreja, contanto que possam ter uma vida tranquila. Eles tem um temor horrendo daquilo que chamam “controvérsia” e estão repletos de um medo mórbido de qualquer tipo de confronto. Eles estão possessos por um desejo doentio de manter a paz e fazer com que tudo seja leve e agradável, mesmo que às custas da verdade. Contanto que tenham sossego, leveza, silêncio e ordem, estarão contentes em deixar de lado todo o resto.

 

Acredito que eles teriam pensado como Acabe, que Elias era o perturbador de Israel, e teriam ajudado os príncipes de Judá, quando colocaram Jeremias na prisão, a fim de calarem sua boca. Não tenho dúvidas de que muitos desses homens sobre os quais falo, teriam pensado que Paulo, na Antioquia, agiu de forma imprudente e foi longe demais!

 

Acredito que tudo isso está errado. Não temos direito algum de esperar nada, a não ser o Evangelho de Cristo, puro e cristalino, genuíno e inalterado, o mesmo evangelho ensinado pelos apóstolos de fazer o bem às almas humanas. Para manter essa verdade pura na Igreja, os homens devem estar prontos para fazer qualquer sacrifício, arriscar a paz, sujeitar dissensões e correr o risco de dividirem-se. Eles não deveriam tolerar a falsa doutrina tanto quanto não tolerariam o pecado. Deveriam se opor a qualquer alteração feita à mensagem do evangelho de Cristo, seja adicionando ou retirando passagens.

 

Pelo amor à verdade, nosso Senhor Jesus Cristo denunciou os fariseus, apesar de ocuparem o assento de Moisés e serem professores nomeados e autorizados. “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!”, disse Ele, oito vezes, nos vinte e três capítulos de Mateus. Quem ousará levantar suspeita de que nosso Senhor estava errado?

 

Pelo amor à verdade, Paulo se opôs e censurou Pedro, mesmo sendo irmãos. Onde estava a unidade, quando a doutrina foi posta de lado? Quem dirá que ele agiu errado?

 

Sim, paz sem verdade é uma paz falsa, é a paz do diabo. Unidade sem evangelho é uma unidade inútil, é a unidade do inferno. Não sejamos nunca enganados por aqueles que falam docemente sobre isso. Lembremos das palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra, não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10:34).

 

Lembremos o louvor que Ele entoa a uma das igrejas do Apocalipse: "Sei que não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos, mas não são, e descobriu que eles eram impostores” (Ap 2:2).Lembremos também da culpa que Ele põe em outra, “você tolera Jezebel, aquela mulher que se diz profetisa" (Ap 2:20).

 

Nunca deixe que sejamos culpados por sacrificar qualquer porção da verdade em detrimento da paz. Sejamos então como os judeus, que queimavam um manuscrito inteiro do Velho Testamento, caso encontrassem uma única letra incorreta, porque era melhor correr o risco de perder um til ou um ponto, do que a Palavra de Deus. Não nos contentemos com apenas uma parte de todo o Evangelho de Cristo.

 

-Estou usando uma linguagem forte para lidar com esse assunto, sei disso.

-Estou escavando num solo delicado, sei disso.

-Toco em assuntos geralmente ignorados e silenciados, sei disso.

 

Digo o que digo pelo dever que tenho para com a igreja em que sou ministro. Acredito que o tempo em que vivemos e a posição da congregação exigem um sermão franco. Almas estão perecendo, em várias igrejas, em ignorância. Membros honestos da igreja estão desgostosos e perplexos. Não temos tempo para palavras mansas. Não sou desconhecedor das expressões "ordem, divisão, separação, unidade, controvérsia", e assim por diante. Sei a paralisia e a influência silenciosa exercida por elas em nossas mentes. Também as ponderei calma e deliberadamente e, em cada uma delas, estou preparado para dar minha opinião.

 

 

Veja Também Deus responde as nossas orações?